terça-feira, 14 de abril de 2009

Por onde andam os Cafetones?

Cafetones é umas das principais bandas da cena mogiana hoje. Mas, há tempos que não vemos um show deles por aqui. Aí, uma pergunta pairava sobre minha cabeça: por onde andam os Cafetones? Inqueto, mandei um e-mail para eles. O guitarrista e vocalista Dan me respondeu prontamente o e-mail, que resultou na entrevista que você confere logo abaixo.

Divirtam-se.

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• Faz tempo que não vemos os Cafetones por terras mogianas. O que têm feito? Onde têm tocado?
Bom, depois que começamos com o processo de gravação do disco em novembro/dezembro, demos uma esfriada nos shows, a fim de termos mais tempo pra ensaiar, acertar as músicas, etc. Desde então, só fizemos um show, que foi dia 21/03, no Berlin, em São Paulo. Mas estamos aí pra qualquer convite que nos fizerem. Afinal, a parte mais legal do trabalho todo é tocar ao vivo.

• Como anda a gravação do novo CD?
Cara, o CD estava com praticamente metade das músicas gravadas, mas começaram a aparecer algumas coisas durante o percurso - trampos no fim-de-semana, minha mudança e do meu irmão pra São Paulo, etc - que deram uma atrasada no disco. Aí quando voltamos a ensaiar, voltar pro estúdio, ouvimos o que tínhamos gravado e algumas coisas saíram do escopo, e algumas coisas nas músicas em questão de arranjos que não estávamos satisfeitos. Então decidimos dar uma parada, ensaiar novamente as músicas, reestrutura-las e, aí sim, voltar pro estúdio. E também que surgiram novas músicas, que decidimos colocar no disco e tirar outras. Devemos isso também graças ao nosso amigo Thiago Ruiz, dono do estúdio Spazio, que está produzindo a gente e está dando um apoio tremendo.

• Quais as diferenças do primeiro CD para esse novo?
Bom, a primeira diferença logo de cara é que esse disco será composto somente por canções em português. A segunda é que nesse tempo todo, começamos a ouvir muitas coisas diferentes, e isso influenciou diretamente no rumo que as canções tomaram. Há músicas mais rápidas, outras mais tranquilas. Usamos teclados e violões também. Estamos renovados.

• Já tem um nome o CD?
Esse é outro problema a ser discutido, rs. Ainda não temos um nome. Pra falar a verdade, nem idéia. Mas queremos colocar algo relacionado ao elefante, que é nosso mascote, ou na capa ou no nome.

• Então teremos letras em português no novo trabalho?
Sim, conforme disse anteriormente, todas as músicas serão em português. Sentíamos muita vontade em fazer músicas em nosso idioma, apanhamos um pouco no começo mas depois que engrenamos, a coisa começou a ficar legal. Mas, ainda assim, dá pra perceber a diferença das minhas composições e do Pablo; estamos nos dando bem.

E esse lance de lançar em k7 também? De onde veio a idéia? (diga-se de passagem, achei foda a idéia. muito bom)
Essa idéia me veio há uns três meses atrás, quando estava ouvindo com meu pai umas fitas que ele tem do Bob Dylan. Pensei que seria uma coisa diferente, com uma boa qualidade, e que chamaria a atenção do pessoal pra adquirir e assim conhecer nosso som. A idéia é fazer capinha e tudo, e cobrar o mínimo possível do público. Afinal, a fita é que nem o iPod: cabe no bolso, é barata e é portátil, rs.

• Falando um pouco da cena mogiana. Pra vocês, como anda a cena, analisando o tripé: banda, público e espaço.
Cara, conforme já dei minha opinião aqui no seu blog mesmo, em outras matérias sobre o assunto, acho que as bandas daqui são muito boas e muito diferentes uma das outras. Sobre esse tripé, banda-público-espaço, acho esse o elo mais forte. Muitas bandas são reconhecidas fora da cidade, fazem shows fora, tem fãs fora, isso tudo é muito legal. O pessoal tá correndo atrás.

Em relação ao público, acho que está melhorando, mas caminhando devagar. Pouca gente vai a um show pra ver bandas com repertório autoral, o que é uma pena.

Já o espaço, acredito que existe casas legais pra tocar aqui em Mogi, mas falta algo que as vezes fica a desejar e que, talvez por razões financeiras, acredito eu, ainda não tenha um nível legal, que é a qualidade do som. Muitas vezes nem o público nem os músicos ouvem o que estão tocando, o que influi diretamente na qualidade da banda.

E outra coisa, por que muitas casas em São Paulo oferecem uma ajuda de custo pras bandas e aqui não encontramos isso? Só porque somos uma banda independente de rock autoral não merecemos ser valorizados em nossa própria cidade?

Não estou cobrando nada, sei que muitas pessoas vão me criticar pelo que disse, me achar o mercenário, etc. Mas não estou cobrando dinheiro, se no final do show chegar e você receber "olha, hoje deu 20 reais pra banda", seja por couvert ou outro critério, acho que você sente seu trampo valorizado e ainda tem alguma grana pra investir na banda. Rola uma honestidade.


• Detectando os problemas da cena, qual seria uma boa solução.
Das bandas não há o que reclamar, temos muitos amigos de bandas e uns apoiam os outros. Acho que o lance é ter cada vez mais lugares legais pra tocar aqui na cidade, como já existem (aliás, a proposta de pocket shows no Cuba Café é sensacional) e ter um apoio maior da Secretaria de Cultura da nossa cidade e dos veículos de informação.

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Por Zelenski, ao som de Belchior.

2 comentários:

caio costa amaro disse...

OPINIÃO SOBRE A DISCUSSÃO DO DIA 22 de Março de 2009 19:07

Inicialmente, devo dizer que a opinião da Aline não é a minha, apesar da nossa aproximação.

Primeiro -- Divido a minha opinião, - PORANDUBA É MAIS UMA AÇÃO NO MEIO DE MUITAS, HOJE -. Mas devo ressaltar que desistir de algo, quando se entende como importante, é fracasso do ideal, tem muita gente com força, boas ideias mas deitado na rede da preguiça, bebericando e rindo de quem luta, desejo uma boa viagem! Quando falamos de cena, falamos de organização, falamos de disposição coletiva, não são todos que conseguem desenvolver um trabalho com várias pessoas, pois vivemos uma estrutura individualista, na qual, a minha banda é melhor que a sua, ou seja, traduzindo para nosso lugar sagrado, cheio de pessoas e coisas importantes, cheio de solução e resolução: foda o meio!!...kkkk...é uma pena esse pensamento, primitivo.
Não acho que chegamos, acho que não começamos e nunca começaremos se pensarmos em epitáfios, sugiro leitura mais ampla das coisas para não matarmos nosso pensamento com alegrias tortas.

Segundo -- Quem não se importa com cena, então que não venha chorar sua vaguinha em festivais de fundo de quintal, como disseram, então que assuma sua individualidade e resolva tudo sozinho, toque para amigos, namoradas(os) e conte para os netos depois, quem sabe uma cartinha romantica para posteridade!

Terceiro -- Entendo o trabalho de uma banda como um trabalho de arte, não entendo como uma ação para apenas sublimar os probelamas interpessoais familiares, apenas para se entupir em alheios a naturza dos dedos, pés e mente.

Quarto -- Não quero ser criador de nada, quero melhor de tudo, se possível, mas respeito o melhor de tudo nos outros, entretanto é uma luta de verdades, saudável diria, sendo assim considero que o Poranduba, e diga-se passagem não sou só eu, vem pensando formas de fazer com que Mogi se torne mais uma cidade na qual desenvolva um trabalho ativo para a arte independente, bandas, vídeos, poemas etc... Limitante delinear tempo.

Quinto -- Devemos se preocupar com a nossa qualidade como ser humano, isso expressa na atuação também como músico em execução, engano achar que uma banda é isenta de pesquisa, coragem estética e conteúdo informativo, se fosse isenta, todo mundo seria beatles entre outros (imagine uma boa referencia para você)!

Sexto -- Vamos correr, quem inventou a cena foi o primeiro som do universo, alias se escreve OM, ou AUM? Uma boa discussão...kk..abraço, o que podemos fazer para melhorar nosso lugar?

Caio Costa Amaro disse...

Sobre o conteúdo atual (matéria em questão), admiro o trabalho do cafetones, tenho certeza que o próximo rabalho será muito interessante.

COmo sugestão, temos que visualizar mogi não somente em nosso centro, criar alternativas para levarmos o autoral aos bairros, escolas e formar público, estamos falando de uma cidade com quase 400 mil pessoas, e as vezes nos resumimos apenas ao centro, temos que fugir um pouco da normalidade central, e assim, acredito, que estaremos fortalecendo o tripé colocado pelo blogger.

Ninguém admira algo se não for oferecido, ninguém nasce apostando no autoral, nossa obrigação como banda é oferecer nossa arte, a arte está onde povo está, esqueceremos um pouco a característica pequena burguesa de uma banda e teremos o nosso público...

Abraço