quarta-feira, 22 de setembro de 2010

2° FESTIVAL DA MONTANHA

Edição 2010 promete fazer história oferecendo ótimas bandas de graça em Santo Antônio do Pinhal

Por Fernando Lalli

Em meio a tantos festivais com bandas bacanas no segundo semestre de 2010, há um festival gratuito, com bandas independentes, numa simpática praça de paisagismo japonês no centro de uma cidadezinha incrustada na porção paulista da Serra da Mantiqueira. Um festival que, apesar de não ser organizado por nenhuma grande produtora, é o melhor e mais importante evento do ano para a música alternativa de todo o Vale do Paraíba. E que ainda conquista corações por aquele conceito tão vago chamado “VIBE”.

O Festival da Montanha acontece em sua segunda edição na bela Santo Antônio do Pinhal; cidade que fica bem ao lado de Campos do Jordão, a cerca de 170 km da capital São Paulo. Misturando uma boa dose de bucolismo ao clima “europeu” da região, Santo Antônio é um dos melhores refúgios de quem gosta de curtir o inverno sem necessariamente aderir ao burburinho que toma conta da sua vizinha mais famosa.

Cabana Café (myspace.com/cabanacafe7)

Um lugar calmo e acolhedor, que em 2009, nos dois dias da primeira edição do Festival, foi invadido por uma horda de guitarras de vários pontos do Estado de São Paulo: da capital [Holger, Ecos Falsos e Gigante Animal], Taubaté [The Vain, Cabana Café, Seamus e Moviola], Mogi das Cruzes [Hierofante Púrpura], Osasco [La Carne], Ribeirão Preto [Pale Sunday] e, na after-party de sábado, os “estrangeiros” goianos do Black Drawing Chalks, que desde então viraram a bola-da-vez no rock alternativo nacional. [Seriam as boas energias da montanha a guiá-los?]. Sem contar a participação inusitada do senador Eduardo Suplicy, que, estando na cidade a passeio, resolveu subir ao palco no final do segundo dia para cantar Racionais MCs, devidamente escudado por membros de várias bandas. 

“Aquele foi só um evento teste, pra ver se realmente rolava um festival desse nível numa praça em Santo Antônio, sem cobrar entrada”, surpreende o baixista da banda The Vain, Julio Emiliano, um dos organizadores do Festival. “Agora, este é pra valer”, ele diz, enquanto me aponta o line-up de 2010, com características e qualidade bem parecidas com o do “evento teste”, e certamente ainda melhor.

Distribuídos pelos dois dias de evento, há desde o folk-pop dos americanos do The Blank Tapes [NYC, que emplacaram música no comercial dos bombons Sonho de Valsa] até o instrumental experimental do Aeromoças e Tenistas Russas [São Carlos]; passando pelo shoegazer da ótima dupla The Soundscapes, pelo lirismo pós-punk da elogiada aventura solo de Jair Naves [ex-vocalista do Ludovic] e a batida disco-punk dos sorocabanos do The Name, indicados ao VMB 2010.

Além desses nomes, voltam ao evento as distorções 90’s do Seamus, o encontro entre “Pavement + Arnaldo Baptista” cometido pelo Hierofante Púrpura, e os “donos da casa” The Vain e Cabana Café. E, pela primeira vez na Montanha, estarão o indie-rock dançante do Homemade Blockbuster [Curitiba], os instrumentais de Àbrasa [São José dos Campos] e Bas Cobis [SP], a folk-trip solitária do Sin Ayuda [Taubaté], o rock cru do Tokyo Savannah [SP] e o britpop do Bristol [Pindamonhangaba].
Um line-up que, apesar de ter uma espinha dorsal sólida no bom e velho rock and roll, traz uma diversidade de sonoridades bem rara para festivais deste tipo – ainda mais se considerarmos que a região é muito carente em grandes eventos de música que trabalhem com bandas autorais, seja o estilo que for. Imagine só você que meia-dúzia de jovens recém-saídos dos 20 anos estão fazendo aquilo que muitos organizadores de shows tarimbados da região [raríssimas exceções] nem sonham em fazer: dar a cara à tapa por puro amor à música. Nunca é demais lembrar: é tudo de graça na praça. De novo. Jovens amadores na melhor [e original] acepção da palavra.


Tanto pelos shows quanto por esse, digamos, posicionamento político, pode ir na fé: o Festival da Montanha é imperdível. Pode ser que neste ano não esteja tão frio, já que o som vai rolar no primeiro final de semana da primavera, mas nunca subestime a serra: leve sua blusa e seu gorro.

Mas esqueça os protetores de ouvido. Rock se ouve alto

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