quinta-feira, 10 de abril de 2008

Versos seus, meus, nossos...
Carolina Diz, de BH, lança álbum Crônicas do Amanhecer, com história do dia-a-dia de todos


Carolina Diz, que acaba de lançar o álbum Crônicas do Amanhecer (Foto: tramavirtual.com.br/carolina_diz)

Lou Reed sabe das coisas. Aquele que prestou atenção em seus versos e melodias concorda. E quem tem mais certeza disso é Carolina Diz, banda de Belo Horizonte, que se inspirou na música Caroline Says II, de Lou Reed, para batizar o grupo. “Acho o Berlin (1973) um dos maiores discos criados no Rock'n Roll. Beira quase a perfeição. Definitivamente um dos discos mais deprês e mais belos do mundo”, diz César Gilcevi, baterista e compositor da banda.

Neste contexto de versos depressivos e belos do ex porém eterno Velvet Underground, Carolina Diz, formado também por Humberto Teixeira (vocal e guitarra), Dennis Rafael Martins (baixo) e Fernando Prates (guitarra), acaba de lançar o segundo álbum, “Crônicas do Amanhecer”, cujas canções possuem influências que ultrapassam o universo da música, atingindo também o universo das artes plásticas, literatura e do próprio cotidiano.

“Sempre li muito Drummond, Henry Miller, Ginsgerg, Roberto Piva, Rimbaud, Georg Trakl. O Dennis sempre foi muito ligado à cultura de quadrinhos. Adicione à isso coisas como Bob Dylan, Crazy Horse e a carga de guitar bands como Sonic Youth, Afghan Whigs, Pixies, trazidos pelo Humberto e pelo Fernando e você tem um disco como Crônicas do Amanhecer”, detalha Gilcevi.

Ao se escutar este álbum, logo se percebe uma grande aproximação com o dia-a-dia de qualquer um envolvido com o cenário urbano e o caos e romantismo da cidade grande, lembrando que as histórias do disco se passe por BH. “Menos do que crônicas, talvez minhas letras sejam apenas relatos concisos sobre situações e cenas do dia-a-dia e das pessoas que nos cercam”, diz o baterista.

Quer sentir tudo isso que foi dito? Basta atentar aos versos de “Mariana”, de “Crônicas do Amanhecer”, como: “lhes apresento Mariana/ nascida há 25 Natais/ Tirou da mão esquerda uma aliança/ e dos ombros um peso a mais/ Filha de Maria e Vicente/ mãe de Lúcia, ex-mulher de José/ escorre na pia um sono insistente/ e às seis já preparou o café”. César diz: “Meus temas são os de qualquer criador, acho: amor, ódio, desespero, redenção, dor, paixão, vida, morte. Não há ser humano que seja imune a esses sentimentos”.

A banda lançou em 2003 o primeiro álbum, “Se Perder”, que encarou um momento conturbado do Carolina Diz. “A diferença básica é o certo amadurecimento, respeito e solução das nossas diferenças e convivência maior da banda. Se Perder foi um momento de caos e até as gravações foram desleixadas”, explica o músico.

Versos do cotidiano, medos, amores, vontades, sonhos, nós mesmos em palavras e melodias. Não sai do lugar-comum dos temas poéticos, mas, tampouco é repetitivo ou igual a algo já criado. Assim, escute Carolina Diz (gravação feita para o programa Alto Falante).

Carolina Diz - Mariana [SAF 01/2008]


Por Zelenski, ao som de Lou Reed, Walk on the Wild Side.

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