terça-feira, 21 de abril de 2009

Motocontínuo, Anacrônica e Funkciona

A cobertura dos shows do Funkciona (Cuba Café) e do Anacrônica e Motocontínuo (Divina Comédia), que aconteceram neste sábado, será um tanto diferente. Espero que gostem.

Crônicas de uma noite

Para trás, ficavam minha filmadora e máquina fotográfica. Naquela noite, decidi que tudo seria registrado apenas pelas palavras e sentimentos. A internet não trabalha com todas as linguagens? Vamos testar isso, então.

No fone de ouvido, a caminho do Cuba Café, rolava o mais recente álbum do Bob Dylan, Modern Times. Queria dar mais uma ouvida nele, antes que lance o próximo, Together Trough Life.

Cheguei lá e, como de costume, teria um pequeno atraso. Nada com que se preocupar, afinal, poderia pedir em paz meu café com leite de soja e um burrito vegetariano.

Naquela noite, no Cuba, rolaria a Funkciona. Eu não conhecia. Acho que pouca gente conhecia, na verdade. Conversei rapidamente com o pessoal da banda. Eles falaram que já tocam há uns três anos, mas nunca oficialmente como banda. Aquela seria a primeira vez.

Café tomado e pança cheia de burrito, o Funkciona toca somente uma música. Era pra passar o som. Mas estava tão bom que queria que continuassem. Eles tocaram algo que remeteu muito ao jazz, mas com pegadas dub. Quando encostaram os instrumentos, mesmo sem fazer sentido, me preocupei se o show já havia acabado.

- Só passando o som, galera.

Aliviado, pedi uma cerveja.... e mais um burrito.

O Café estava com um público legal. A vitrola, como sempre, preenchendo ao fundo o som das conversas, a fraca luz dando um ar cult ao lugar e, na TV, as atenções era para o clássico Palmeiras e Santos.

E, então, a banda volta ao centro. Descubro que o animal da bateria tem apenas 15 anos. O que eu fazia aos 15? Aos 15 eu era um bocó. E ele já arregaçava na bateria, com chimbais que nunca paravam o swing e blocs que pareciam dialogar entre si.

- Vamos tocar umas músicas diferentes. Que não tocam nas rádios.

E começaram a jam.

As músicas talvez até toquem na rádio. Rádio Cultura ou Rádio Eldorado, depois da meia-noite. Mas eu nunca tinha visto ao vivo e em Mogi uma banda como aquela. Funkciona. E como funciona.

As covers foram dignas também. Tocaram Ed Motta e Jamiroquai.

A técnica de todos os músicos, que contavam até com metais, surpreenderam a todos lá presente. Melhor, não posso falar por eles. Mas a mim sim, surpreenderam.

Acaba o som. Houveram alguns problemas depois que não cabe escrever aqui. Nada a ver com o ótimo show que todos acabaram de escutar. E eu já estava pronto e inspirado para ir pro Divina Comédia, discotecar e prestigiar as bandas da noite.

***

Como de costume, cheguei lá pelas onze da noite. A Anacrônica já estava por lá. Eu havia escutado no myspace o som deles e achei bem legal.

No meu canto, arrumei a aparelhagem de discotecagem. Chegaram os Motocontínuos. Todos abriram um grande sorriso quando me viram. Saudades? Não, eu os vejo sempre. Eu esqueci que havia cortado minha cabeleira e estava praticamente irreconhecível. Balela.

Meia-noite. Começa a entrar o público. Tentei evitar o máximo possível os hits. Discotequei Take or Leave it, do Strokes, toquei ska (Mighty Mighty Bosstones, Randal Grave, Reel Big Fish...), Sleeper Car, Pavement, Promise Ring, e coisas assim. Alguns dançaram.

Primeira banda seria a própria Anacrônica. Eram três rapazes e uma garota no vocal. E todos sabiam bem o que faziam no palco. Um rock presente e uma presença de palco invejável. Cantarolei Deus e os Loucos e até esbocei uma pequena dança. Mas não precisei dançar de fato, pois, pelos lados, já havia quem dançava bastante.

As músicas variavam entre o dançante, o rock de pegada forte e o retrô, todas contando com a forte voz e sensualidade da vocalista. Pena para os que não foram. Perderam.

Opa, a banda acabou, volto para a cabine do DJ. Não, não volto. O Alê volta e faz a galera dançar com o seu retrô 80's. Ele também sabe o que faz. Aproveitei pra dançar.

E já era bem tarde (ou cedo). Quatro da manhã, eu acho, e só então que o Motocontínuo subia no palco. Havia uma melancolia no ar. O Gui falou de novo que aquele seria o último show do Moto. Seria verdade agora?

Começaram o bom rock'n roll que todos conhecemos do Motocontínuo. Mas, mesmo com toda a barulheira, a melancolia continuava no ar. Quis cantar com eles, no palco, o Bang-Bang de Quinta, mas não tenho a coragem que o Gui e o Régis têm.

Com todos os xingamentos que ouvimos de costume da banda (e nós adoramos sempre, diga-se de passagem), acabou-se o show. Acabou-se a banda, talvez. Espero que não.

Aí sim, voltei para a cabine do DJ. Alguns dançaram. E, de repente, recebo um presentão do André, Menteca. Quero dizer, ex-Menteca. Não, Menteca, mesmo. Posso falar, André? Um CD com todos os sons do Mentecapto, inclusive os inéditos. Presentão.

A noite acabava. A manhã surgia, para terror de nossos olhos de vampiro. Coloquei Tender, do Blur, pra tocar. Falei tchau para todos e me fui. Os ouvidos não aceitavam mais o fone. Queriam um pouco de sossego. De calma e paz. Fui à padaria.

- Um café com leite e um queijo quente.

E só depois fui dormir.

2 comentários:

guimotoco disse...

lágrimas, malditas lágrimas num fim de noite de feriado, terça 21:13...
O moto se foi de vez...

Regis Vernissage disse...

tudo isso é uma grande arruaça... mês que vem tem show do motoco queu tou sabendo...

e eu tenho 13 sons do menteca... e vc?

=)