sexta-feira, 22 de maio de 2009

Olá, pessoal.

Segue coisas bacanas para se fazer sabadão. No Campus VI e no Mais Brasil.

E conto que muita coisa bacana está por vir no Campus VI e no Cuba Café.

Enjoy!


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Viram uma banda nova nessas cartazes? São os caras do Bico do Corvo, indicação do nosso amigo Dan, do Cafetones. Quem curtir o som, pode dar uma conferida na entrevista que fiz com esse trio, logo abaixo. E recomendo a música Cacau, do Myspace deles.


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• Vocês da banda estão envolvidos com música desde quando? Tiveram ou têm outros projetos?
Breno: Eu comecei a tocar com 14, desde então, sempre tive bandinha com os amigos, mas comecei a tocar profissionalmente (leia-se na noite) só com 17. No começo tocava blues com um amigo em uns bares como o Red Pub, tive umas bandas de blues e rock que tocaram uma vez ou outra, o trampo de dupla era mais sério. Isso rolou até eu conhecer o Pedro, que me levou pra uma banda onde tocamos de tudo, fizemos de quermesse a casamento e baile de carnaval, tocando todos os estilos, a partir daí, eu acho q passei a trabalhar mais profissionalmente com música, de lá pra cá tivemos outros trampos de rock e pop, mas sempre banda de balada, banda de baile, tocando música pop. Banda autoral, essa é minha primeira levada a sério.

Ricardo: Comecei ainda adolescente e minha primeira banda era um Beatles Cover. Depois, com essa mesma banda, formada com um vizinho e outros amigos, comecei a explorar outras linhas do rock, tocar blues, soul, uma MPB mais na levada do funk. Toquei em outras bandas e cheguei a trabalhar com isso depois dos 18 anos. Com 23 parei com as bandas e passei a me dedicar mais a compor, como hobby mesmo. Agora voltei, "voltei pra ficar" (como cantava o Roberto), com a banda envolvida num trabalho autoral.

Pedro: Comecei a tocar com 15 anos, quando ainda morava em Espírito Santo do Pinhal (interior de São Paulo). Tocava na igreja e logo montei minha banda de garagem onde tocávamos o que queríamos. Aos 16, já atuava profissionalmente tocando em banda de baile e sertanejo. Em Mogi das Cruzes toquei com bastate gente da MPB e tenho uma banda de Pop/Rock paralela ao trabalho com o Bico.

• O som que vocês fazem é basicamente rock. Mas tem música com viola caipira. Como que é isso?

Breno: Bom, essa resposta não é exatamente objetiva (vou tentar não viajar muito). Acho que nós três temos em comum o fato de escutarmos - e gostarmos de tocar - todo tipo de música. Acho que, musicalmente, a gente pensa parecido nesse sentido. A nossa idéia é não ter vergonha de tocar o que a gente gosta. Eu cresci ouvindo rock, mas ouço muita música nordestina, regional, sertaneja, ouço hip hop, reggae, blues, funk... A idéia é tentar usar tudo isso de uma maneira que faça sentido no som que a gente faz, de uma forma mais ou menos natural. O lance da viola, por exemplo, é o seguinte: Eu tenho um tio violeiro, que tem umas 10 violas. Um dia ele apareceu com uma dessas, e eu fiquei fascinado pelo som. Enchi tanto o saco que ele me deu uma. Depois de um bom tempo me entendendo com ela, e de ouvir muito almir sater e afins, comecei a achar que eu tinha condição tirar um som legal. Quando a gente montou a banda, os caras se mostraram super abertos à idéia, e fizemos umas músicas. Bom, funciona assim pra mim! Se a música reflete isso é você que me diz!

Ricardo: Bom, acho que o Breno resumiu bem a questão. Musicalmente somos miscigenados, avessos a preconceitos musicais e abertos ao som da galera que faz música independente, honesta e autêntica. Quando criança, ouvi de tudo em casa e apesar de não tocar viola (juro que ainda aprendo rsrs) cresci curtindo os discos de música caipira do meu pai, dos clássicos (Rolando Boldrin, Alvarenga e Ranchinho, Cascatinha e Inhana), passando pelos "inovadores" (Renato Teixeira, Almir Sater, Natan Marques) até às revelações de hoje (Chico Lobo, Gabriel Sater)... Gosto do som da guitarra porque me "acelera". E gosto da viola porque o som me "eleva"...


Pedro: Tudo o que eles falaram acima é verdade... somos totalmente ecléticos. também sempre ouvi de tudo, por vir de família de músicos, então sempre teve muito jazz, salsa, bolero, samba e etc rolando em casa. E por ser do interior, a música caipira sempre esteve muito presente. Na adolescência descobri o Rock, e essa "miscelânia" de influências que tentamos passar em nossas composições.


• Como as músicas, bandas e artistas que influenciaram vocês apaercem nas músicas do Bico do Corvo?
Breno: Cara, eu e o Ricardo costumamos conversar bastante sobre isso... Na hora de compor, as influências são sempre subjetivas... Vale tudo o que a gente ouve ou já ouviu, mas teoricamente, a gente tá sempre procurando uma coisa inédita, certo? Mas a gente sempre puxa o que tem de referência pra contestar uma melodia que já existe, uma passagem mais clichê... Mas é sempre um processo.... a gente tenta trabalhar música a música sem pensar no "estilo" ou "sonoridade" da banda, até porque a gente não tem lá uma produção grande o suficiente pra falar nisso.... Por isso eu acho que as nossas músicas saem cada uma com uma cara (ou pelo menos a gente tenta)... porque na hora de arranjar com a banda, o Pedro puxa um baião dali, e o Ricardo puxa um reggae dali.... e a gente vai tentando fazer isso ficar redondo! Nessa hora as referências estão mais na mesa, a gente vai administrando... Como a gente é um trio, eu também sempre gosto de ouvir trios que eu acho legais e reparar nos arranjos, pra tentar afinar o nosso som. A nossa idéia é tentar fazer um som que estimule a gente, que seja divertido de tocar, que soe redondo e, se der, um pouquinho diferente. Acho que a gente tá traçando um caminho que tem deixado a gente empolgado.

Ricardo: Os sons, as bandas, as referências aparecem como elementos dentro das músicas... um acorde aqui, um andamento ali, uma melodia de voz... Mas é, como disse o Breno, bem subjetiva essa "apropriação" que a gente faz. Acho que toda arte é assim mesmo. É transformar. Tornar mais importante a autenticidade (colocar sua impressão digital depois de processadas todas as influências) do que a busca quixotesca pela inovação (procure na internet e você vai descobrir que, aquilo que você pensava ter criado, já tem registro em site há uma cara!).

Pedro: Nosso processo criativo é bastante simples e funcional. Os caras vêm com uma base e harmonia, melodia e letra e a gente vai arranjando conforme a canção pede. As sonoridades e influências vão pintando de forma natural, sem forçar nada.

• Tem previsão para gravação/ lançamento de CD?
Breno: Previsão não, vontade temos de sobra. Na real as coisas nesse começo aconteceram mais rápido que a gente imaginava... a gente juntou a banda em novembro... tínhamos algumas músicas debaixo do braço (principalmente o Ricardo), e fomos montando os arranjos, gravando uns ensaios pra mostrar pros amigos, pedir uns pitacos, opiniões... a intenção era gravar pra valer em junho... mas como pintou o show com o no CCSP (que fizemos dia 24 de abril) resolvemos gravar essas 4 que botamos no myspace pra dar uma divulgada. Quanto a fazer CD e tal... eu pelo menos não tenho idéia, cara (Ricardo e Pedro, tão planejando alguma pelas minhas costas?)... O que eu penso agora é que a gente tem que fazer música e fazer show... pensar depois em gravar e em onde botar e o que fazer com o disco, afinal, uma gravação de baixo do braço e nada não são lá muito diferentes no mercado de hoje....

Ricardo: Bom, não há data, mas disposição não falta pra que fechemos um EP com algumas das músicas em que estamos trabalhando desde o final de 2008.

Pedro: Sinceramente..... não sei... rs

• Como é um show do Bico do Corvo?
Breno: Olha, isso é uma coisa que a gente ainda vai descobrir direito. Por enquanto rolaram alguns poucos.... Abrindo (ou fechando) pra alguém, em algum evento, ou com o . O show com o Zé de Riba, que é o que fizemos no Centro Cultural, e vamos fazer (não igual, mas na mesma pegada) no Mais Brasil no dia 23, funciona assim: Em mais ou menos uma hora e meia de show, nós tocamos algumas músicas do Bico, só nos 3, mas a maior parte do repertório é das músicas do . Nessas, a gente é a banda de apoio. Esse lance funciona assim: Pegamos as músicas do , e fizemos nossos arranjos, tentando respeitar a interpretação que ele já fazia delas, e tentamos fazer rolar com a nossa formação. Ou seja, a gente não refaz a música, se ela é um maracatu, continua um maracatu, se é uma embolada, continua embolada, mas tivemos espaço pra botar bastante a nossa cara, porque como o CD do tem muitos elementos de percussão, sopro, violão, cavaco, vocais e por aí vai, demos uma mudada legal pra encaixar no trio. O som não é exatamente rock, ficou uma pegada meio world music, tem de tudo no meio... eu pelo menos gosto! Pra quem não conhece o som do zé, tá aí: www.myspace.com/zederiba
Mas apareçam no sábado, dia 23, vai ser legal. Ninguém não gostou do show no CCSP! Haha

Ricardo: É um momento único. Seja um show mais ou menos inspirado, dependendo do dia e das condições, não rola da nossa parte essa coisa de simular um show anterior. Claro que tem um repertório, que funciona de certa forma como um roteiro do show, mas não há intenção de repetir uma dinâmica de palco, um interpretação ou uma improvisação que tenha funcionado bem num show anterior.

Pedro: Eu só sei de uma coisa: A gente se diverte horrores no palco...rs e esperamos que a galera se divirta também....

• Para vocês, o que é a música? Como vocês encaram a música na vida de vocês e na vida da cidade?
Breno: Tive que pensar bastante pra responder essa. Eu acho que música, no fundo, é a arte e a técnica de combinar os sons de maneira agradável ao ouvido (Ok, piadinha cretina). Hoje música é minha profissão. Eu sou publicitário, trabalho num selo em sampa, não como músico, faço marketing e planejamento com alguns artistas. Mas tocar guitarra sempre foi uma fonte de renda pra mim, e com o Bico não é diferente. Por enquanto a banda é mais um investimento que outra coisa, mas a gente procura ter foco e trabalhar para que a coisa vá pra frente. Quanto à vida da cidade, não sei se teria alguma coisa mais específica pra dizer... acho que Mogi é um ambiente muito fértil pra quem quer conviver com música, se você tiver a cabeça aberta e souber onde procurar, vai achar muita gente tocando música boa de todos os estilos, de samba e maracatu até heavy metal e sertanejo... É um universo musical interessante pra caramba.

Ricardo: Música, pra mim, é mais que um meio de vida... é um meio de se viver. Falo com ela, e através dela, quando quero dizer o que penso e sinto de verdade. E, em Mogi, há muita gente boa, de talento mesmo, compondo, tocando... enriquecendo a arte na cidade e, com isso, aumentando a qualidade de vida dos que moram nela.

Pedro: Eu vivo música 24h por dia. Além do Bico e da Atari, eu também dou aula de bateria, então todos os dias eu estou trabalhando com música, minha rotina se resume em dar aula, estudar música, ensaiar, fazer show... então a música é o trabalho mais prazeroso do mundo.

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Por Zelenski, ao som de Cafetones.

2 comentários:

Zé de Riba disse...

Olá, gostei do blog e do conteúdo e, em especial da entrevista do meninos do BICO. Sincera. abração de zé de riba

Dan disse...

Belíssima entrevista, essa banda vai dar o que falar ainda!