quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Como diria Belchior, "450" anos de quê?

Vou começar o texto com uma afirmação que dificilmente vai ser contestada: Mogi tem ótimas bandas e pessoas afim de fazer um barulho legal e autoral.

Ponto.

Agora, alguns fatos aconteceram nos últimos meses que fazem pensar que talvez essas pessoas e bandas estejam no lugar errado na hora errada. Um exemplo prático: aposto que a Divina Comédia seria uma explosão de sucesso (quantitativamente falando, a princípio) se, do mesmo jeito que é hoje, estivesse na Paulista ou na Augusta.

Isso, por que, como já discutimos inúmeras vezes, Mogi ou não tem público ou o público não sabe o que está rolando ou, ainda, o público é preguiçoso pra sair de casa.

E, indo além do público, algumas Instituições  não entendem 1mm do que é feito. Mais exemplos: Guerrilha Gerador censurada pela primeira vez, Conte-me Uma Mentira tendo que parar de tocar na Virada Paulista para a acontecer a Alvorada, e, mais recentemente, no aniversário de 450 anos de Mogi, a apresentação do Suburbaque ser interrompida para que o Milton Nascimento pudesse ensaiar.



A questão é: se alguns poderes que deviam estar junto com quem está produzindo cultura popular, etendendo e apoaiando os movimentos, agem como se fóssemos desregrados (na censura à Guerrilha, policiais estavam com spray de pimenta em mãos),  como podemos contar com espaços e eventos públicos para divulgar algo que é tão essencial para quem produz e consome a genuína cultura popular?

7 comentários:

Charles disse...

Boa Z!

Regis Vernissage disse...

450 anos de "tradição", zelenski... é o que justifica a má vontade do poder público e a preguiça do público em consumir o novo, em formar opinião enfim...

afinal, se é confortável absorver tudo que está sendo empurrado guela abaixo pela tv mogi ou pelas "incríveis" festas patrocinadas pela prefeitura, pra que vou me preocupar em formar opinião? tô fora rapá! deixa isso pros otários que insistem em manter a chama acesa do que acostumou chamar-se de "indie scene mogiana", aqueles índios...

Thania disse...

As casas lá de São Paulo fazem sucesso mas, nem sempre lotam... Lotam nos shows de bandas "famosinhas" e aqui é mais ou menos por aí também.
As coisas são mto estereotipadas...

Thania disse...

Mas, não ouso chamar as pessoas daqui de preguiçosas, ninguém precisa bater cartão no mesmo bar toda a semana e as pessoas tem muitas coisas pra fazer, outros lugares a conhecer...
Acho que Mogi tem um público pequeno mesmo, e não saberia dizer o que fazer para aumentá-lo.

Zelenski disse...

Ah sim sim. Eu tb não ouso, mas não descarto. Entre as opções que citei, eu sinceramente não sei o que acontece. Se o público é pequeno, se o público é grande mas não sabe o que tá rolando, ou se o pessoal não está disposto a sair de casa. Ou ainda, se são fechados a ouvir o novo, sabe, tem alguma resistência para ouvir o novo - se ouvir, é bem capaz que goste, mas não dá a chance. Mas eu sinceramente não sei qual dessas opções é a verdadeira.

Gustavo Rodrigues disse...

Penso eu que mogi seja extremamente provinciana ainda justamente por causa de pessoas que estão em nossas "grandes" tvs, jornais, que sejam professores, funcionários, donos de bares... parece que fica um "só quem vai atrás conhece", até porque, muitas pessoas que são de nascença mogianas ou da região, preferem contribuir com baladas tipo buxixo (nada contra também, mas não é lá que você ouve o que é novo) porque a "sua turma" só vai lá, e essa turma muitas vezes são de pessoas de fora que vem por causa das faculdades. A faculdade também não teria que ser um ambiente onde as pessoas crescem em mentalidade? (isso é só uma crítica a como tanto a faculdade leva alguns cursos como as pessoas que querem cursar).
Penso mesmo que, infelizmente, mogi seja um reflexo nítido do que parece acontecer no Brasil: não queremos o novo e o novo que queremos são aqueles que nossas mídias "fáceis" vomitam em nós.

Selo Sem Sê-lo disse...

Acho que o negócio é não se render à merda toda. Um exemplo é essa turma da secretaria da cultura(?) serem pessoas que no passado contestaram e reclamaram do poder público, hoje eles têm o poder na mão, e? Mas é fato que a maioria das pessaos querem bandas de videokê, que toquem sucessos que o povo canta, consequentemente, sobra a responsa (de segurar o tsunami) pra quem faz som autoral. Se não fizerem por si, ninguém fará. É nessa tecla que a gente vem batendo...